sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O Estado é a maneira errada de fazer as coisas

Em quem você vai votar? Chegados os tempos de eleição, nos esforçamos para organizar os nossos pensamentos para explicar os motivos dessa pergunta não nos fazer o menor sentido. O nosso objetivo é simples de ser entendido, porém difícil de ser realizado. Queremos demonstrar que o Estado é a maneira errada de fazer as coisas. Para isso falaremos muito – mas não o suficiente – e, em alguns momentos, de forma um pouco chata. Se serve de desculpa, esse foi o único caminho que encontramos.
É recorrente na história que se pense que o mundo vivido é o único possível. Essa é uma noção que tem muita força atualmente: muitos sustentam não haver a possibilidade de uma transformação radical da sociedade. Claro que nos opomos a isso. Ao contrário do que ocorre com aqueles que se esforçam para legitimar as dominações, queremos refletir criticamente sobre o Estado, perceber os aspectos negativos dessa forma de nos organizarmos para que assim possamos encontrar outras realidades. Em um mundo em que as relações de opressões aparecem como naturais e eternas, a crítica coloca em movimento, estimula. Nessa disputa por uma concepção de sociedade mais livre, é central ver através da história que as formas como nos constituímos carregam certo grau de arbitrariedade. Ou seja, conhecemos suficientes maneiras de nos organizarmos para saber que nenhuma é a única possível. Podem nos chamar de ignorantes ou de ingênuos, mas esperamos sim que o(s) mundo(s) seja(m) diferente(s). Aqui negação e esperança se completam em uma dança que busca sair dos limites do tablado.
O que é o Estado?
O nosso ponto de partida é o poder. De forma resumida é possível afirmar que a unidade básica do Estado é o poder político, ou seja, a capacidade de impor coercitivamente a vontade de umas pessoas sobre a de outras. O que fundamenta o Estado é a possibilidade de uns exercerem um poder-sobre outros. É muito claro que esse poder coercitivo não faz parte da “natureza humana” pelo simples motivo de que existiram muitas sociedades que se recusaram a se organizar assim. Não sendo natural que isso ocorra, ele só pode ser entendido através das suas ocorrências. O Estado é, portanto, uma forma histórica de organização social – dentre as muitas possíveis.
Porém, o poder coercitivo não ocorre somente no Estado, portanto, precisamos de algo mais para nos referir a esse grande monstro. Não é possível igualar os dois conceitos. Para falarmos do Estado, propriamente dito, é necessário que estejamos nos deparando com estruturas específicas. A característica principal do Estado é ser uma instância separada da coletividade e o fato de ser instituído com o intuito de assegurar constantemente essa separação. A forma que assume ao realizar isso é uma estrutura burocrática e hierárquica. Como nos faz lembrar o termo burocracia, ele tende a suprimir aquilo que é proclamado como seus objetivos, ou seja, possui uma inércia e uma lógica própria que dominam as finalidades para as quais elas deveriam servir. As evidências se invertem: o que podia ser visto como um conjunto de instituições a serviço da sociedade, transforma-se numa sociedade a serviço das instituições. A polícia com seus cassetetes que gritam “ordem!” independente do quão justo é um protesto, é uma boa imagem para essa deturpação. Nesse esforço de auto-manutenção, é fundamental que seja respeitada uma estrutura de mando e de obediência que fica clara na diferença que tem entre o presidente e a faxineira servidora pública.
Nos perdoem por ainda estarmos trabalhando em termos bastante abstratos. Uma aproximação com uma teoria crítica do Estado contextualizada historicamente é possível de ser feita olhando para a relação necessária dele com o capitalismo. O Estado exerce no capitalismo o papel de garantidor da dominação de classe ao servir como agente coercitivo de manutenção do trabalho assalariado. Essa é uma longa discussão, mas, tentando tornar mais simples o complexo, podemos dizer que no capitalismo a propriedade privada é central porque possibilita a dominação daqueles que não possuem os meios de fazer as coisas. O trabalhador que não possui os meios de produzir é dominado de forma não pessoal, já que como não possui a propriedade tem que se submeter ao trabalho assalariado. A garantia dessa propriedade não é exercida pelo dominador, mas é cedida ao Estado. Focando essa explicação no que mais nos interessa, é possível afirmar que a existência do Estado como uma instância separada da sociedade depende das relações capitalistas e serve para mantê-la. Para tanto o Estado deixa sempre presente a ameaça de recorrer à violência para que a reprodução do capitalismo ocorra. Somente a ele cabe a violência legítima e essa é uma ameaça que paira sobre todos aqueles que questionam as relações de dominação.
E onde ficamos nós nessa abstração toda? Nos cabe o papel de cidadãos – mais uma abstração. Nossas particularidades, nossos jeitos, nossos cheiros são esquecidos para que o Estado consiga nos controlar com suas políticas públicas. Para eles somos números que ganham características mais definidas se tivermos dinheiro e boas relações. Um juiz não olha do mesmo jeito para o negro e para o filho do seu amigo do golfe. Para nós cabe somente o papel de votar a cada quatro anos, porque qualquer tentativa de tornar a política cotidiana pode ser considerada perigosa. Votamos e escolhemos “representantes”. Mesmo que eles quisessem não conseguiriam nos representar, pois não existe essa massa indefinida chamada “eleitores”. Existem pessoas díspares e mutáveis que ao escolher um candidato nunca poderão saber como ele irá atuar nos próximos quatro anos em questões tão variadas quanto as que um governante manda. Ou seja, a eleição é mais uma mentira para nos dar a impressão de que temos alguma escolha em um mundo baseado justamente no controle das nossas vontades.
Em busca da autonomia
Nessa configuração tão complexa o Estado se separa do social virando uma instituição que tenta monopolizar o político. Só se fala de política nas eleições e nós nos negamos a isso. Defendemos a autonomia, ou seja, que as pessoas se envolvam diretamente na organização das suas vidas cotidianas. Isso como indivíduos e como coletividades. A pessoa se forma no seu estar no mundo e nas suas interações, portanto nunca deve ser pensado isoladamente. Aqui inserimos a dimensão social da autonomia. Para a sua realização em um mundo instituído de forma a fortalecer as dominações como o nosso é importante ressaltar a capacidade instituinte das ações coletivas. As coletividades conseguem sim mudar a realidade. Detrás do que aí está e parece tão sólido, existe sempre o pulsar criativo.
É nessa potencia criadora que nos confiamos ao pensar como transformar o mundo. O que fazer para mudar o mundo? Rompê-lo de tantas formas quanto pudermos e tentar expandir e multiplicar as fissuras e promover a sua confluência; assim nos disseram e nos parece fazer sentido. Um milhão de picadas de abelhas. A emancipação depende da recusa, do desobedecer. Porém não estamos apenas nos distanciando das estruturas de poder, estamos criando novas práticas cotidianas. O Não deve ser seguido por um outro-fazer, uma outra atividade que nos torne ativos.
A construção dessas fissuras nega a ideia de pureza, ou seja, elas estão permeadas por contradições. A noção de autonomia muitas vezes defende uma externalidade radical para com o Estado e o capitalismo, porém isso é problemático por não dar conta das complexidades da nossa realidade. Cria-se dessa forma uma dicotomia entre autonomia e institucionalização que se baseia em estados ideais impossíveis de serem estabelecidos. A simples marginalização não é suficiente para mudar o mundo porque pode servir de alguma forma para as estruturas opressivas. Além disso, muitas vezes as fissuras são atividades em tempo parcial que são intercaladas com a dura necessidade de vender a força de trabalho para garantir a sobrevivência. Paradoxo? Infelizmente a vida está cheia deles. Porém, isso não significa se curvar, pois mesmo quando seja lunático continuaremos exigindo o impossível.
Sabemos que o contato com o Estado nos faz adotar certos modos de relações sociais que reforçam as características opressivas elencadas acima. As leis fazem parte da coesão social capitalista e de sua racionalidade, portanto, invariavelmente seremos considerados criminosos. Isso não nos paralisa e nem tampouco faz com que buscamos sempre realizar ações ilegais, pois sabemos que acima de tudo essa é uma questão de escolha tática.
Como já deve estar claro não se trata de conquistar o Estado nem com armas nem com votos. Não vamos cometer o mesmo erro de achar que o Estado pode ser um instrumento neutro para facilitar as transformações. Ele é a maneira errada de fazer as coisas e a boa vontade nunca conseguirá superar isso. A instrução na conquista do poder inevitavelmente se converte em uma instrução no próprio poder. Vemos cotidianamente os partidos e candidatos mais bem intencionados fazerem concessões absurdas para garantir o sucesso próprio. Esse é um caminho de difícil retorno. A centralidade do Estado na transformação faz com que se reforce cada vez mais a soberania do Estado. Um dos motivos que justifica essa defesa é que existe um grande peso das estruturas e das formas de comportamento herdadas. Outros fatores que podemos apontar são a separação dos funcionários estatais que tendem a se manter assim e as pressões para assegurar a economia – que geralmente não é considerada como deveria, ou seja, como um sistema de exploração. Não nos interessam os partidos políticos, pois a transformação através dos olhos do Estado ou de uma organização centrada no Estado só pode ser feita em nome de outros, para o “benefício das pessoas”, não uma transformação feita pelas próprias pessoas. Porém isso é uma relação em que alguns mandam e outros obedecem – justamente do que queremos nos afastar – porque agir em benefício de alguém envolve invariavelmente um grau de repressão da autonomia desses sujeitos.
Se trata, portanto, de uma transformação da vida cotidiana em um caminho que não terá fim, mas que se esforçará sempre por terminar as opressões. Essa é a única maneira de manter em uso o conceito de revolução, pois os que se centram no Estado demonstraram quão facilmente a ditadura pode esquecer do proletariado. No lugar de um grande acontecimento, pensamos em um longo processo. Ela é, portanto, uma revolução não-instrumental, não é um meio para chegar a um fim, já que todo o caminho é igualmente importante. Essa é também uma transformação sem certezas, pois não existe nada no mundo que garanta seu triunfo, ela depende de um eterno esforço dos seus sujeitos. Isso implica em uma constante auto-crítica para garantir que o caminho que está sendo construído leve realmente para mais perto da autonomia.
Terminamos agradecendo a todos aqueles que já disseram e vivenciaram antes de nós as mesmas coisas: os autonomistas, os anarquistas e, principalmente, os sem identidades de todas as partes do mundo.
E a pergunta que fica depois disso tudo é: por que continuar se contentando em votar no menos pior?
AA (Autônomos Anônimos)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Protesto ANTI-BRICS



Desde 2009 os países emergentes se reúnem à criação de um bloco econômico em contraposição ao bloco estadosunidense NAFTA, OMC e outros. Os países emergentes têm em comum dívidas com os bancos internacionais BID e FMI e os altos juros cobrados que inviabilizam o avanço em infraestrutura nesses países. É um dos principais motes para criação desse bloco econômico dos países emergentes, inclusive a questão beligerante que é utilizada como pano de fundo. Brasil e Rússia assinaram em Julho de 2014 um tratado de segurança nuclear que indica claramente a retomada da corrida armamentista global. Para fomentar e viabilizar esse bloco econômico dos países emergentes, BRICS, foi criado no encontro em Fortaleza, em julho de 2014, o Banco Internacional BRICS (BIB).

Toda essa articulação internacional dos representantes dos países emergentes, criadores do BRICS, jamais consultaram a população desses países, sobre aprovação do BRICS. Mesmo assim, bilhares de dólares serão depositados nesse novo banco advindo dos fundos dos impostos da população pobre desses países. É incomensurável a desassistência dos governos do BRICS em seus países sede à população pobre. Todos esses países tem em comum a precariedade em infra-estruturas básicas nas comunidades periféricas de trabalhadores resultante da corrupção em larga escala. Ainda, é flagrante na Rússia, China e Índia a negligência de direitos humanos à etnias que há décadas lutam por independência nesses países. São exemplos contemporâneos dessa tragédia humana a Chechênia, Tibet e Caxemira onde milhares de inocentes morrem em bombardeios realizados por esses governos.

Não é possível que a nação brasileira assista e apoie o massacre de crianças, mulheres e velhos inocentes sem que nada seja feito.

A iniciativa do Grupo de Autonomia Popular - GAP – é trazer para o centro do debate as questões relacionadas às demandas nacionais exigidas pela população nas jornadas de Junho de 2013. Naquela ocasião um grito uníssono da população nas ruas pela Tarifa Zero foi ouvido pelo país inteiro, mas passado mais de um ano e nada foi executado nessa direção até agora.
Mesmo assim, o governo ao invés de atender ao clamor das ruas desviou bilhões do BNDS para criação do fundo de reserva do BIB sem que houvesse qualquer consulta pública ou diálogo com a população. Dessa maneira despótica o BRICS tem se concretizado verticalmente nos países emergentes, calam as vozes que buscam debater não a guerra, não tensionamento internacional, não envio de dinheiro público à iniciativa privada internacional, mas, a criação de educação, saúde, moradia, lazer, transporte público de qualidade sem sobretaxamento.

Na semana de 14 a 18 de Julho de 2014, o G.A.P. organizou uma série de eventos para colocar na agenda da militância popular o debate do BRICS e a realização da reunião desse bloco em Fortaleza sem debate com a população.

Fique por dentro e ajude a construir a resistência militante contra a fuga de dinheiro do povo para iniciativa privada internacional.

Avante aos que lutam!!!

Pelo direito de ir e vir, pelo direito à cidade. Contra BRICS existir, e impor seu apartheid


domingo, 4 de maio de 2014

1º de Maio Jardim Itaqui 2014





 Neste ano, comunidade, movimentos sociais e estudantil, organizações independentes e desempregados organizaram a manifestação do primeiro de maio na vila Jardim Itaqui. Em pauta os temas que vão da moradia digna, como precariedade no atendimento do posto de saúde e do CRASS, a crescente violência policial contra moradores e a luta pela tarifa zero no transporte coletivo.

Com histórico de brava luta pela permanência das famílias na vila e contra os despejos forçados executados pelos governos via empresas extratora de areia até milícias armadas, o primeiro de Maio teve foco no resgate dessas lutas espontâneas. As comunidades Jardim Alegria, Jardim Ipê, Jardim Cruzeiro do Sul e Jardim Itaqui reviveram através de suas falas, durante a caminhada, todo passado da organização popular que venceu interesses especulativos.
"Queremos voltar a organização popular que venceu grandes interesses privados e exigir nossos direitos ainda negligenciados pelo Estado", convoca Claudia, coordenadora da Associação de Bairro do Jd. Itaqui.

A manifestação teve inicio na praça, onde posteriormente existiu a sede da Associação de Bairro do Jardim Alegria, derrubado com trator da prefeitura pelo ex-candidato a vereador Adilsson. Um café da manhã ajudou na integração entre os moradores das várias vilas que deram inicio as falas da plenária explicativa do ato.

A caminhada teve três paradas em locais emblemáticos da luta. Primeira parada foi na entrada do Jd. Alegria onde no ano de 2004 houve contenção dos moradores contra tentativa de despejo forçada pela policia. A fala foi um costura entre as várias lutas com o mesmo foco: Guerra entre as classes sociais.

Em frente ao comitê do vereador Fenemê, foi feita denúncia de vários figurões da política de São José dos Pinhais com a prática de compra de votos e desassistência sistemática das famílias pobres. É flagrante o favorecimento de políticos locais aos grandes empresários em detrimento das condições mínimas para uma vida razoável das comunidades. A frente feminista enfatizou o papel histórico crucial das mulheres na batalha entre classes, acusação da violência doméstica, descriminalização do direito ao aborto e classismo na luta contra o capital como pontos basilares do feminismo.

"A incapacidade de reação da sociedade perante ao episodio do namorado policial civil que espancou, algemou e disparou quatro tiros contra sua namorada de 23 anos, estudante de química da UFPR, demonstra claramente a necessidade instantânea de sensibilização da causa feminista classista no Brasil", protestaram Cr., 17 anos, e Walkiria, 43 anos, militantes da Frente de Ação Anarca Feminista, FAAF.

A manifestação seguiu com gritos de ordem pela criação do poder popular, pela exigência de aplicação dos recursos públicos nas vilas atingidas por todo tipo de especulação imobiliária, bem como por catástrofes ambientais e contra a realização da Copa 2014 no Brasil. A última parada relembrou a grande greve americana de 1886, que resultou no assassinato dos mártires de Chicago, também do primeiro congresso da Confederação Operária Brasileira em 1906 e das greves do final dos anos 1970, no ABC paulista, que resultaram na capitulação do sindicalismo brasileiro.

O encerramento da manifestação em frente à Escola Estadual Ipê, com a ciranda embalada pela música: "Trabalhador é especial, é socialista e luta contra o capital" teve como auge a mística proposta pelo núcleo anarquista de Curitiba (NAC), onde vários retalhos coloridos foram entrelaçados em paralelo com a Whipala, bandeira repleta de cores da comunidade indígena andina Aymará em luta. Este desfecho representa o pacto entre as organizações presentes no primeiro de Maio com as comunidades local, estadual, nacional e internacional em luta contra o capitalismo.



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Nota de pesar pela morte de Santiago Andrade





Lamentamos muito pela morte de Santiago Andrade e por todas as outras vítimas do Estado totalitário mercantil.

Santiago era CÂMERA e não "cinegrafista" como romantiza agora a grande mídia. Ele sempre foi aquele operário invisível que produzia calado e que muitos sequer sabiam que existia. Santiago era a base de uma pirâmide hierárquica cujo topo concentra os beneficiários dos grandes blocos de comunicação do Brasil.

A meio caminho do topo desta pirâmide, um exército de repórteres precariamente remunerados precisa falar, escrever, reportar e pesquisar de forma a atender os anseios dos donos da comunicação. Para subir um degrau nesta pirâmide é preciso cuidado na fala. Trata-se de uma censura tácita que abala a credibilidade da imprensa, onde já não é mais possível distinguir a notícia real da propaganda estatal e mega-corporativa. Enfim, o corpo inerte de Santiago será usado para beneficiar exatamente os mesmos de sempre - os concentradores de informação, de renda e de poder - e a culpa será do povo, de novo...

Diante ao terrorismo do Estado Totalitário brasileiro pela falaciosa “ordem”, onde mega-corporações ditam a democracia, nós, trabalhadores servis, desempregados e solidários à classe explorada, que geramos riquezas para o país sem receber minimamente o que nos é direito, para além de falsas promessas dos burocratas do poder, não ganhamos mais que violência física e moral, cotidianamente, e vítimas brutais, como Santiago Andrade!

Assim, entendemos que o principal responsável por este acidente é o próprio Estado que nos força a deixar nossas casas e exigir nossos direitos nas ruas, e nelas enfrentar a truculência deste Estado personalizado na força policial, na qual não deveriam jamais usar armas contra a população e assim a população não precisaria reagir contra ela.

Não suportaremos mais viver nessa “terra-de-alguém”. Onde alguém rico, por de trás de instituições, gestione contra a população. Concentração de renda, carestia, precariedade nos serviços públicos, gás lacrimogênio, balas de borracha, espancamentos, prisões arbitrárias, júris comprados, mídia tendenciosa e ainda a inversão do mérito, como se nós fôssemos os assassinos premeditados.

De um lado temos populares com materiais artesanais, com pouca ou nenhuma técnica e aprimoramento, e de outro lado, velhacos oficialmente armados com material bélico, cientes do efeito das suas armas sobre a população marginalizada.

Deixemos bem claro a quem deseja nos criminalizar: a rua não se calará!

* Em solidariedade *

- Amarildo Dias de Souza – Desaparecido entre os dias 13 e 14 de julho de 2013, após a operação batizada de Paz Armada que mobilizou 300 policiais na Rocinha, RJ. http://pt.wikipedia.org/wiki/Caso_Amarildo


- Giuliana Vallone, de 18 anos espancada por policiais e logo após atropelada por uma motocicleta da polícia em 25/01/14, após a manifestação realizada na região central de São Paulo http://videos.r7.com/jovem-e-atropelada-e-agredida-por-policiais-em- sp/idmedia/52e8c7ea0cf2401273d29912.html



- Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves, de 22 anos, a ser ferido por dois disparos feitos por policiais militares, durante o protesto contra a Copa do Mundo que aconteceu no sábado 25/02/14. Ele foi internado em coma induzido.

http://noticias.r7.com/sao-paulo/versao-da-policia-esta-estranha-diz-advogado-sobre-caso-de-manifestante-baleado-em-sp-27012014

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MPL- Curitiba, autônomo e independente

MPL- Núcleo Biblioteca Publica de Curitiba

CMI - Centro de Mídia Independente Curitiba

NAC - Núcleo Anarquista de Curitiba

Ocupação 13 de Janeiro

Associação de bairro Jardim Itaqui

FAAF - Frente de Ação Anarca Feminista

GERAE – Grupo de experiência rural agroecológica

Biblioteca Maria Lacerda de Moura





quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Respostas à matéria notas de um ex-libertário



Anarquismo partidário e especifismo, paralelamente à tendência neoplataformista, se desenvolveu na América do Sul uma tendência denominada especifismo, que defende postulados parecidos com o plataformismo, ainda que de uma fundamentação diferente e de uma genealogia diferente. Postula que os anarquistas devem se agrupar em organizações de caráter ideológico especificamente anarquista e dali trabalhar nos movimentos sociais.

Também se insiste na unidade teórica, na unidade tática e no desenvolvimento de políticas da organização específica aos movimentos sociais nos quais seus militantes participam. A esta ação denominam inserção social e ' segundo Felipe Correia, teórico da Federação Anarquista do Rio de Janeiro' 'está ligado somente à ideia de retorno organizado dos anarquistas à luta de classes e aos movimentos sociais'. Apesar de seus impulsores diferenciarem sua prática de inserção social do 'entrismo' dos partidos de esquerda, sua prática acaba sendo similar.
O especifismo, ou 'anarquismo organizado'  'como preferem se denominar com os plataformistas, o que é também um sinal de desconsideração a outras formas
organizativas anarquistas ' é crítico ao sintetismo de VolinFaure, e poderia ser considerado um plataformismo sem Plataforma.

 Respostas à matéria notas de um ex-libertário
http://passapalavra.info/2013/11/88650

O meio libertário simplesmente “esquece” que há ainda proletários a unir-se no mundo e locais de produção a ser tomados. Por Antônio Nestor Canelas:

Não é verdade que haja um esquecimento. No Brasil, grande parte das organizações anarquistas não faz parte da tendência ‘especifista’. Tendência essa que se entende como única anarquista social. Sendo assim,  desqualifica quaisquer outras linhagens anarquistas como sendo social, já que só a especifista pode ser a vertente realmente anarquista, o que não é verdade.

“As abelhas operárias podem partir
até os zangões podem ir embora.
a rainha é sua escrava”

haikai de Clube da luta

Esta espécie de relato-crônica abaixo pode ser lida dentro do mesmo espectro político em que se encontram os textos Emancipação ao contrário: relatos de dois ex-trotskistas, que é o da ruptura. Entretanto, lá naquela outra margem, eles estavam a se afogar pela força da correnteza em que se encontravam; deste lado, fica o alerta, estamos a nos afundar diante da própria calmaria das nossas águas.

A tendência ‘especifista’ para além de demonstrar conciliação e alianças jamais apresentou vontade revolucionária armada.

A mescla da primeira com a terceira pessoa no texto faz parte do próprio processo de ruptura (com a autocondescendência), diante da então cumplicidade daquele que escreve com aquilo que descreve.

* * *

Através de um complexo de Midas às avessas, o “meio libertário” sofre da mesma tragédia. A diferença é que Midas fora atendido, já o meio libertário acredita que fora atendido e a cena é como se Midas fosse ao mercado oferecendo cobre acreditando ter ouro em mãos. O ativista libertário diz “eu sou revolucionário” e, consequentemente, tudo que eu toco é revolucionário. Basta que eu aumente meu número de atividades – meu ativismo – para que o processo revolucionário esteja cada vez mais perto.

O autor faz questão de misturar neófitos universitários, acadêmicos recém integrados nas instituições, sem qualquer acúmulo a fim de confundi-los com as tendências discordantes ao ’especifismo’.

Assim, atividades triviais e cotidianas – geralmente pré-capitalistas – como plantar, andar de bicicleta e confeccionar itens de uso pessoal tornam-se, magicamente, revolucionárias. No meio libertário é possível também jogar futebol revolucionário, ter banda revolucionária, ter relação amorosa revolucionária, etc.

Em momento algum, dentro da própria cena punk, ter uma banda é tido como o teto da atividade revolucionária. Existe a compreensão de que a arte é um meio para levar para um público maior o debate e a necessidade de construir a luta do pobre contra o rico. Mas nem de longe isso é tido como a única e exclusiva atividade. Aliás, revolução só tem um significado: luta entre classes.



A possibilidade de ser anarco/anarca qualquer coisa é incrível, numa ausência de medida que contempla um conjunto aberto que tende ao infinito. É fascinante como, num passe de mágica, sustentar uma das mais difíceis posições políticas da história da luta de classes, aquela que já enfrentou na Rússia máquinas de guerra como o Exército Vermelho e o Exército Branco (ao mesmo tempo), fascistas e liberais na Espanha, passou a ser possível através de fazer qualquer coisa e colocar o prefixo anarco/anarca antes.

Na própria Rússia e na Revolução Espanhola de 1936, a esmagadora mojoritária anarquista, formada em grande parte por trabalhadores, que também contava com muitos intelectuais, era constituída de agrupamentos espontâneos. Os laços eram solidários e nada mais. Sim, bastava entender a mão no ar para se tornar voluntário da luta social.

Ao invés de buscar a construção de suas próprias formas autônomas – e sólidas – de organização, a solução que o meio libertário encontrou para o impasse histórico que a esquerda autonomista se encontra diante da esquerda bolchevique é o exercício de uma série de atividades lúdicas, em oposição radical à “burocracia e autoritarismo” desta. (É a “luta de classes” idílica)

A proposta ‘especifista’ é através da propaganda e alianças em frente com os partidos da “esquerda” autoritária para então convencê-los de que a organização específica libertária é o socialismo real. Só então as armas serão empunhadas. Não é nossa proposta de luta de classes. Historicamente essa “esquerda” marxista/leninista/trotskista/stalinista foi traidora dos processos populares nas revoluções. Conservou as garantias à cúpula centralizada do partido e esmagou as iniciativas livres revolucionarias do povo. Nós, anarquistas das inúmeras vertentes e matizes, cada um com uma peça desse quebra-cabeça, temos como foco nos misturarmos às lutas populares com intuito de acelerar, catalizar os processos da base para que se tornem perenes e inicie-se a luta de classes.

O meio libertário ou assumiu que a luta de classes acabou, e então “suas” derrotas para a esquerda bolchevique não são fruto das próprias concepções de ambos, mas de alguns momentos históricos encerrados, ou assumiu que estas concepções estão aí novamente, e então reconhece que elas irão se repetir, mas desta vez, quando a repressão bater novamente, propõe-se a diáspora das bicicletas (escrito Frágil nas costas) ou viver em comunidades da miséria como a Colônia Cecília (opção rural) ou ainda viver em alguma okupA (opção urbana), mais conhecidas como o albergue dos anarco-turistas.

As estratégias, das infinitas matizes libertárias, em momento organizacional, em período de baixa, de dispersão total, como esse período em que vivemos, morar numa comunidade rural ou numa ocupação faz parte das inúmeras formas historicamente libertárias de autonomia. Morar numa ocupa não faz parte da finalidade anarquista. Mente que afirma que um ocupa se entende como ‘pós revolucionário’ por viver nesses locais estratégicos. É inegável que a estratégia de se ocupar um imóvel vazio é necessário formação de grupos, discutir sobre formas de organização, preparar campanhas e etc. A ocupação traz consigo uma economia já que não se paga aluguel do imóvel e automaticamente se denuncia a especulação imobiliária. Mas nem de longe essas estratégias de autonomia, utilizadas para ganhar tempo à organização popular, é tida como finalidade.

No campo da fé, o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) é a religião oficial do movimento. A palavra do papa Marcos traz alívio e conforto para o nosso ativismo desenfreado. Mas esta fé contempla a conhecida solução milagrosa de sobrevivência da causa com fiéis não-praticantes, já que está evidente que a disciplina zapatista e a questão da tomada dos meios de produção está fora do horizonte de debate no meio libertário.

É pela falta de conhecimento profundo que o autor constrói essa conclusão rasa e vergonhosa. Grande parte das ocupações das principais cidades na europa enviam militantes para atuar junto às comunidades zapatistas, financiam projetos (como o caso de uma ocupação italiana, que a propósito tem 22 anos ocupada, e foi a principal financiadora de um hospital numa comunidade em chiapas),são responsáveis na criação de comitês permanentes de solidariedade às lutas zapatistas, palestinas, Curdos... que muitas vezes alcançam reconhecimento das academias (e isso não é um critério meritocrático) e penetram nessas torres de marfim.

[*] Já o caso histórico do Exército Negro (Guerrilha Makhnovtchina) é um belo exemplo – e somente – para acusar o autoritarismo dos vermelhos, mas aplicar coletivamente uma página do que Makhno disse, nem pensar.

O caso da makhnovtchina é brutal e muitas vezes trazido como a experiência que ainda não se completou. Mas, diferente da ‘verdade absoluta especifista’ não se chega a conclusão da formação de um partido anarquista. Isso sim é distorção e neoanarquismo.

Mas como todo não-praticante mantemos flertes com intensidades diversas com outras religiões como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que apesar de sofrer algumas restrições por causa do “marxismo” da direção do movimento, tudo se pacifica regado ao bom e velho saudosismo ocidental de algum Paraíso Perdido, (o campo… a natureza…), aquela velha cena tradicional e reacionária do amigo/familiar que vai visitar seus próximos no campo e acha tudo lá belo e harmônico, enquanto todos levantam antes do sol para trabalhar.

Tremenda besteira apontar o MST como exemplo de espaço libertário já que em muitos cadernos de formação a religião marxiniana ressalta a ideologia anarquista exatamente como lênin descreveu: desvio individualista pequeno burguês. A luta camponesa Latino americana é a única capaz do socialismo universal, porém, não organizada como membro do corpo político partidário da esquerda branda que se alia com todas as contradições possíveis a fim de manter o poder conservado. A revolução agrária é o horizonte.

Agora, como os vegetarianos radicais (Vegans, Freegans, Frente de Libertação Animal) do meio libertário articulam seu sentimento de anti-industrialização – numa operação complexa que une primitivismo com universo sem carne – com sua solidariedade ao MST e ao EZLN é para mim ainda um mistério.

Sinceramente, quando o forte da argumentação do autor é a ironia e a desqualificação, o que estava nas “coxas” torna-se ainda mais desanimador e cansativo.
O vegetariano radical (Vegans, Freegans, Frente de Libertação Animal) do meio libertário jamais é assumido como finalidade. É uma estratégia para denunciar a reprodução da produção capitalista opressora sobre tudo o que é vivo e não vivo. É uma proposta estratégica de retirar a espécie humana do centro do universo. Esse entendimento parte da conjuntura histórica em que a humanidade alcançou tal especialização para produzir alimentos podendo não mais se alimentar de animais. Que esse hábito é meramente uma antiga tradição dos tempos em que não se conseguia armazenar alimentos vegetais suficientes para suprir as necessidades humanas em tempos de baixa produção. Ninguém em sã consciência defende o veganismo como parte faltante na sociedade de consumo capitalista, isso é uma distorção trazida daquelas pessoas que olham de fora de algo que não participam.

Talvez sejam eles voluntários para ocupar os lugares dos bois na canga de arar a terra. Quanto aos trabalhadores de frigoríficos – que sofrem LER (não só os funcionários públicos a têm), quando não têm dedos/mãos decepados – azar é o deles, ninguém mandou ir trabalhar com carne.

Não entendi muito bem a colocação do autor nessa parte da matéria. Penso que seja no mínimo infantil supor que logo quem defenda os direitos dos animais seja colocado nos lugares dos bois com cangas. Acho que ninguém em sã consciência iria propor uma bobagem dessas. É certo que haja tratores para fazer esse serviço de aragem de terra ao invés de vidas. Sobre os trabalhadores, em grande maioria empregados clandestinamente na situação análoga escravidão em frigoríficos improvisados espalhados de norte a sul do Brasil, temos sim solidariedade imensa. Entendemos como vítimas assim como os animais levados ao assassinato compulsório.
É ridículo supor que caso se acabe com esses locais escravagistas de trabalho forçado as pessoas não terão outras oportunidades de empregos e é melhor essa condição escrava do que nada.
Pelo avanço que os computadores domésticos tiveram os trabalhadores das fábricas de máquinas de escrever não morreram de fome ou os caçadores de baleias também. Simplesmente mudaram de ‘ramo’.

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Diagnosticar o ser autoritário, principal ou única categoria de investigação do meio libertário, é seu motor político-existencial. Aliás, acusar a esquerda tradicional de autoritária está geralmente a serviço da justificativa permanente de toda sorte de liberalismos e individualismos. Os defeitos da esquerda tradicional transformam-se automaticamente em virtudes do meio libertário. (A bem da verdade, Makhno, quando não Bakunin e Durruti inclusive, são considerados degenerados do meio libertário, pois autoritários iguais à dita esquerda tradicional). Ou seja, todo revolucionário autêntico está fadado a ser “autoritário” para o meio libertário.

Diagnosticar as estratégias e táticas para acelerar os processos revolucionários nas bases, organizar e estruturar locais para estudos, reuniões, debates, encontros bem como propor meios de autogestão popular nas vilas pobres (associações de bairros, sindicatos livres...) são parte das categorias político–existencial do meio libertário. Há uma confusão propositada, nessa matéria, entre exceções do meio libertário colocadas como regras fixas. O pressuposto libertário são as organizações autônomas, horizontais e independentes livre das hierarquias tradicionais das velhas organizações autoritárias político-partidárias. Existe um neo-anarquismo que busca formação de um “partido anarquista” baseado na equivocada interpretação de partido, diferente da noção de partido que havia no século XIX. Essa tentativa de formação de um partido anarquista já era denunciada por Malatesta numa famosa troca de cartas com Makhno.



O que está absolutamente fora do horizonte do meio libertário é o fator proletário em todas estas pautas em que ele transita. Está recalcado do seu pensamento (o anti-intelectualismo é operante) o fato de que andar de bicicleta não faz cócegas na Ford, GM, Fiat, etc. (muito menos resolve a questão da mobilidade urbana para as massas), que fazer hortas urbanas nem belisca a BRFoods, Kraft e Bünge, e que produzir artesanalmente adereços ou utensílios quaisquer não passam perto da Hering, Zara, Malwee, etc. e que morar em oKupAs não combate as grandes construtoras e imobiliárias, etc.

O trabalhador, mas não apenas ele, é parte fundamental da revolução para o meio libertário. Fala sem saber quem afirma inoperância intelectual na tática do ‘andar de bicicleta’ como um fim em si mesmo. A utilização da bicicleta como meio de propagandear a precariedade do plano diretor das principais cidades brasileiras, também é usada por inúmeras organizações políticas e movimentos sociais. Isso demonstra claramente quanto fraco é o argumento que o meio libertário é ‘culturalista’, que se organiza com fim em si mesmo e por aí a fora.
Vale lembrar que as ocupas na Europa estão lá desde o Maio de 68 e que até hoje são focos de resistência anti-capitalista, estrutural na organização de movimentos sociais e gigantescas intervenções mundialmente assistidas e copiadas durante o século XX até os dias de hoje.

Fica a pergunta: será que a esquerda intelectualizada, assim como os anarco-acadêmicos/especifistas que moram em suas enormes casas, muitos ainda nas de seus pais, em bons bairros luxuosos é que estão a fazer a crítica à especulação imobiliária mantendo esses esteriótipos pequeno-burgueses dia a dia, ‘porque a revolução não é amanhã’ como eles mesmos dizem?

E então, indignar-se dentro do meio libertário diante do Comando Revolucionário dos Anarquistas Unidos (CRAU) na televisão é hipocrisia ou falta de autocrítica séria (aquela com desdobramentos políticos). Todavia, infelizmente, a concessão ao ecologicamente correto e a cumplicidade com a sinistra Revolução da Colher não é exclusiva aos “anarquistas”.

Mais tragicamente, assim como os libertadores de animais, o meio libertário e sua principal ferramenta de luta, o boicote, simplesmente “esquecem” que há ainda proletários a unir-se no mundo e locais de produção a ser tomados.

Vale lembrar que a pulverização da reprodução da produção capitalista e suas especificidades mais refinadas para se conservar nos levaram a buscar em nossa criatividade meia e maneiras de continuar a propagandear a luta proletária diferente dos antigos métodos coptados pelo sistema. Métodos esses que se tornaram ineficazes pela entrega feita da antiga esquerda que sentiu necessidade de articular alianças espúrias com inimigos de classe para se manter viva e entregou organizações populares de bandeja para os grandes empresários transnacionais.
Assim como andar de bicicleta, boicotar empresas, ocupar casas, são meio de propagandear a autogestão popular e também ganhar tempo para reorganizar as lutas pela guerra social.