domingo, 4 de maio de 2014

1º de Maio Jardim Itaqui 2014





 Neste ano, comunidade, movimentos sociais e estudantil, organizações independentes e desempregados organizaram a manifestação do primeiro de maio na vila Jardim Itaqui. Em pauta os temas que vão da moradia digna, como precariedade no atendimento do posto de saúde e do CRASS, a crescente violência policial contra moradores e a luta pela tarifa zero no transporte coletivo.

Com histórico de brava luta pela permanência das famílias na vila e contra os despejos forçados executados pelos governos via empresas extratora de areia até milícias armadas, o primeiro de Maio teve foco no resgate dessas lutas espontâneas. As comunidades Jardim Alegria, Jardim Ipê, Jardim Cruzeiro do Sul e Jardim Itaqui reviveram através de suas falas, durante a caminhada, todo passado da organização popular que venceu interesses especulativos.
"Queremos voltar a organização popular que venceu grandes interesses privados e exigir nossos direitos ainda negligenciados pelo Estado", convoca Claudia, coordenadora da Associação de Bairro do Jd. Itaqui.

A manifestação teve inicio na praça, onde posteriormente existiu a sede da Associação de Bairro do Jardim Alegria, derrubado com trator da prefeitura pelo ex-candidato a vereador Adilsson. Um café da manhã ajudou na integração entre os moradores das várias vilas que deram inicio as falas da plenária explicativa do ato.

A caminhada teve três paradas em locais emblemáticos da luta. Primeira parada foi na entrada do Jd. Alegria onde no ano de 2004 houve contenção dos moradores contra tentativa de despejo forçada pela policia. A fala foi um costura entre as várias lutas com o mesmo foco: Guerra entre as classes sociais.

Em frente ao comitê do vereador Fenemê, foi feita denúncia de vários figurões da política de São José dos Pinhais com a prática de compra de votos e desassistência sistemática das famílias pobres. É flagrante o favorecimento de políticos locais aos grandes empresários em detrimento das condições mínimas para uma vida razoável das comunidades. A frente feminista enfatizou o papel histórico crucial das mulheres na batalha entre classes, acusação da violência doméstica, descriminalização do direito ao aborto e classismo na luta contra o capital como pontos basilares do feminismo.

"A incapacidade de reação da sociedade perante ao episodio do namorado policial civil que espancou, algemou e disparou quatro tiros contra sua namorada de 23 anos, estudante de química da UFPR, demonstra claramente a necessidade instantânea de sensibilização da causa feminista classista no Brasil", protestaram Cr., 17 anos, e Walkiria, 43 anos, militantes da Frente de Ação Anarca Feminista, FAAF.

A manifestação seguiu com gritos de ordem pela criação do poder popular, pela exigência de aplicação dos recursos públicos nas vilas atingidas por todo tipo de especulação imobiliária, bem como por catástrofes ambientais e contra a realização da Copa 2014 no Brasil. A última parada relembrou a grande greve americana de 1886, que resultou no assassinato dos mártires de Chicago, também do primeiro congresso da Confederação Operária Brasileira em 1906 e das greves do final dos anos 1970, no ABC paulista, que resultaram na capitulação do sindicalismo brasileiro.

O encerramento da manifestação em frente à Escola Estadual Ipê, com a ciranda embalada pela música: "Trabalhador é especial, é socialista e luta contra o capital" teve como auge a mística proposta pelo núcleo anarquista de Curitiba (NAC), onde vários retalhos coloridos foram entrelaçados em paralelo com a Whipala, bandeira repleta de cores da comunidade indígena andina Aymará em luta. Este desfecho representa o pacto entre as organizações presentes no primeiro de Maio com as comunidades local, estadual, nacional e internacional em luta contra o capitalismo.